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FORTEC participa da 7ª Reunião do Grupo de Trabalho dos BRICS sobre Inovação e Transferência de Tecnologia

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O Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC) está representado na 7ª Reunião do Grupo de Trabalho dos BRICS sobre Parceria em Ciência, Tecnologia, Inovação e Empreendedorismo (STIEP), que acontece nos dias 10 e 11 de junho de 2025, na sede da FINEP, no Rio de Janeiro.

A presidente do FORTEC, Ana Torkomian, e a conselheira consultiva e coordenadora das Ações Internacionais, Elizabeth Ritter, integram a delegação brasileira no evento, a convite do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A reunião é realizada de forma presencial e reúne representantes dos 11 países que atualmente compõem o bloco, com o objetivo de aprofundar a cooperação internacional nas áreas de inovação e transferência de tecnologia.

Como presidente pro tempore do BRICS em 2025, o Brasil propõe, nesta edição, a construção de um novo plano de ação para o Grupo de Trabalho STIEP, bem como a atualização dos marcos habilitadores e a consolidação de um plano de trabalho para os próximos anos. A coordenação da agenda é conduzida pela Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC/MCTI), em parceria com a FINEP, que também é responsável pela logística do evento.

A presença do FORTEC reforça o compromisso da entidade com o fortalecimento dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT) brasileiros e com a articulação de políticas públicas que promovam a internacionalização da ciência, da tecnologia e da inovação no país.

“A participação do FORTEC neste espaço estratégico internacional evidencia a importância da atuação em rede e da construção conjunta de soluções para os desafios globais da inovação”, destaca Ana Torkomian.

O Grupo de Trabalho STIEP já se reuniu em seis ocasiões anteriores, sendo a última realizada virtualmente em 2023, sob a presidência da Índia. Esta sétima edição marca um novo momento do bloco, agora ampliado, e reafirma o papel da Ciência e Tecnologia como motores para o desenvolvimento sustentável e colaborativo.

Manifestação Pública do FORTEC sobre oJulgamento do RE 928943 (Tema 914) no STF

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Em Defesa da Ciência, Tecnologia, Inovação e do Desenvolvimento Nacional

O Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC), entidade representativa dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT), das Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICT) e dos profissionais que atuam na promoção da inovação no Brasil, manifesta sua preocupação e posição contrária aos fundamentos que buscam restringir a constitucionalidade e a incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) prevista na Lei nº 10.168/2000, atualmente em julgamento no âmbito do Recurso Extraordinário (RE) nº 928943, de repercussão geral (Tema 914) no Supremo Tribunal Federal (STF).

1. Sobre a CIDE-Tecnologia: um instrumento de soberania e desenvolvimento

A CIDE incidente sobre remessas ao exterior ligadas à tecnologia e ao conhecimento não é um simples tributo. Trata-se de um instrumento de política pública que visa fortalecer a base científica, tecnológica e de inovação do país, viabilizando investimentos estruturantes por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

Questionar a constitucionalidade desse instrumento, ou restringir sua abrangência, é colocar em risco o principal alicerce de financiamento da política pública de ciência, tecnologia e inovação do Brasil — setor que, historicamente, sofre com restrições orçamentárias e contingenciamentos, apesar de sua reconhecida importância estratégica.

2. Impactos diretos sobre a inovação, a competitividade e o desenvolvimento nacional

A linha argumentativa que busca excluir da base de cálculo da CIDE contratos sem transferência formal de tecnologia, ou que envolvem serviços técnicos e direitos autorais, revela um entendimento equivocado e reducionista do próprio conceito contemporâneo de inovação e desenvolvimento tecnológico.

Restringir a incidência da CIDE é, na prática, privar o sistema nacional de inovação de uma fonte vital de recursos, com impactos severos sobre o funcionamento dos NIT e das ICT; o desenvolvimento de startups, spin-offs, parques tecnológicos e outros ambientes de inovação; e o avanço da pesquisa aplicada, da transferência de tecnologia e da geração de soluções para os desafios econômicos, sociais e ambientais do Brasil.

3. Posição institucional do FORTEC

Diante do exposto, o FORTEC:
● Reitera que limitar a CIDE é limitar o futuro do país, é comprometer a soberania tecnológica, a competitividade e a capacidade do Brasil de responder aos desafios contemporâneos da sociedade e da economia.
● Reitera a importância da manutenção da CIDE como instrumento constitucional de apoio à ciência, tecnologia e inovação no Brasil.
● Alinha-se à defesa de que os recursos arrecadados sejam integralmente aplicados nas finalidades que justificaram sua criação, em especial no fortalecimento do FNDCT.

● Defende que qualquer decisão do STF leve em consideração o interesse público e o papel estratégico da inovação para o desenvolvimento econômico, social e sustentável do país.

Assim, o FORTEC conclama as instituições, os gestores públicos, os parlamentares, os órgãos de controle, o Poder Judiciário e toda a sociedade civil a compreenderem que a ciência, a tecnologia e a inovação não são despesas. São investimentos estratégicos e inadiáveis para qualquer nação que pretenda ser protagonista no século XXI.

É imperativo que o STF, na sua função de guardião da Constituição, considere, neste julgamento, o princípio da função social dos tributos de intervenção econômica e o interesse público maior do desenvolvimento nacional baseado no conhecimento e na inovação.

Brasília, 04 de junho de 2025

Para baixar o Manifesto clique aqui ou na imagem abaixo

IP Protection Gains Momentum Worldwide

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As we approach World Intellectual Property Day on April 26, the World Intellectual Property Organization (WIPO) has released data showing a global uptick in the use of its intellectual property (IP) registries in 2024. This marks the first time since 2021 that all three major registries—the Patent Cooperation Treaty (PCT), the Madrid System, and the Hague System—have seen year-over-year growth. Highlights from the March 17 WIPO press release include:

Global Trends in IP Filing

  • Patent Cooperation Treaty (PCT): Up 0.5%, signaling steady activity in international patent filings.
  • Madrid System (International Registration of Trademarks): Up 1.2%, after two consectuvie years of decline.
  • Hague System (International Design System): Up 6.8%, reflecting strong growth in industrial design protection.

Patent Filing Insights (PCT System)

  • Top five countries by number of applications:
    1. China
    2. United States
    3. Japan
    4. Republic of Korea
    5. Germany
  • Leading academic institutions:
    1. University of California (U.S.)
    2. University of Texas System (U.S.)
    3. Tsinghua University (China)
    4. Zhejiang University (China)
    5. Seoul National University (Republic of Korea)
  • Tech trends: The field of digital communications overtook computer technology as the most frequently cited technology area in patent filings—a notable shift in innovation focus, as computer tech had held the top spot since 2019.

International Trademark Applications (Madrid System)

  • Top five filing countries:
    1. United States
    2. Germany
    3. China
    4. France
    5. United Kingdom
  • Leading product category: Applications most commonly covered computer hardware, software, and electronic devices, underscoring the global importance of tech branding.

Industrial Design Filings (Hague System)

  • Top five filing countries:
    1. China
    2. Germany
    3. United States
    4. Italy
    5. Switzerland
  • Top design category: The most design applications were filed in the recording and communication equipment sector, aligning with increased demand for next-gen consumer electronics and smart devices.

These trends point to a reinvigorated global commitment to innovation and IP protection, particularly in fast-evolving sectors like digital tech and industrial design. The increased activity across all three WIPO systems suggests that inventors, businesses, and institutions are more actively seeking to safeguard their intellectual property in a competitive global marketplace.

This global data forms just one part of the bigger picture. For professionals navigating the tech transfer and licensing landscape, localized and sector-specific insights are equally critical. That’s why we encourage you to participate in AUTM’s Salary Survey and Canadian Licensing Activity Survey. Your contributions help shape a clearer understanding of our community’s impact and needs. (Note: The deadline to participate in the U.S. Licensing Activity Survey closed on March 28.)

To learn more about the topics of patents, trademarks, and design, visit the AUTM Learning Center for webinars, on-demand courses, Annual Meeting sessions, and more.

FORTEC realiza sua primeira Missão Internacional e fortalece presença brasileira no cenário global da inovação

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Participação brasileira inédita em evento da AUTM em Washington marca um novo capítulo na internacionalização dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT)

Em março de 2025, o Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC) realizou sua primeira Missão Internacional, levando uma delegação de aproximadamente 20 profissionais brasileiros a Washington, D.C., para participar do congresso anual da AUTM (Association of University Technology Managers). O evento, que marcou os 50 anos da Associação, reuniu cerca de 2.200 especialistas de todo o mundo, consolidando-se como um dos maiores encontros globais sobre Transferência de Tecnologia.

A Missão representou um marco para o ecossistema brasileiro de inovação, reunindo representantes de Universidades, Institutos de Ciência e Tecnologia, além de órgãos governamentais e entidades de fomento, como a FINEP. Com uma agenda robusta e estratégica, os participantes tiveram acesso a experiências internacionais de referência, promoveram a troca de boas práticas e avançaram em importantes articulações institucionais.

Uma ideia amadurecida e bem executada

Segundo a presidente do FORTEC, Ana Torkomian, a possibilidade de realizar a Missão surgiu a partir de diálogos iniciados ainda em 2024, durante o Leadership Summit da AUTM, na África do Sul. “Quando soubemos que o evento de 2025 seria em Washington, onde a AUTM comemoraria seus 50 anos, vimos a oportunidade ideal para levarmos uma delegação brasileira. A partir daí, iniciamos os contatos com instituições como a Johns Hopkins University e o USPTO, e desenhamos a primeira Missão Internacional do FORTEC”, explicou.

O FORTEC contou com a parceria da Anprotec na execução, em uma ação conjunta que fortaleceu ainda mais a presença brasileira. A missão incluiu visitas técnicas à Embaixada do Brasil, ao United States Patent and Trademark Office (USPTO), à Georgetown University e à própria Johns Hopkins, além da participação nas atividades da AUTM.

Protagonismo brasileiro no evento

A participação da delegação brasileira foi amplamente reconhecida pelos organizadores da AUTM. “Chamou muito a atenção o fato de o Brasil estar presente com uma delegação robusta e articulada. Foi a primeira vez que isso aconteceu”, afirmou Ana Torkomian.

Durante o evento, representantes do FORTEC foram homenageados no Comitê Internacional da AUTM, que recebeu uma premiação de destaque. “Esse reconhecimento mostra que o trabalho que o FORTEC realiza no Brasil já começa a ter visibilidade internacional”, destacou a presidente. As premiações foram concedidas para Shirley Coutinho e Elizabeth Ritter, ambas Coordenadores da Área Internacional do FORTEC e integrantes do Conselho Consultivo, além da própria Presidente, Ana Torkomian.

Para Elizabeth Ritter, Coordenadora da Missão Internacional, a realização da Missão consolidou um posicionamento internacional do FORTEC e reforçou seu papel como articulador de parcerias e oportunidades para os NIT brasileiros. De acordo com a Ritter, “a Missão abriu caminhos para o fortalecimento das relações internacionais e colocou o Brasil em evidência como um ecossistema de inovação em expansão e com grande potencial de colaboração global”.

Visitas estratégicas e aprendizados práticos

Para os participantes, a Missão foi mais do que uma viagem técnica — foi uma imersão em modelos de excelência. Izabella Carneiro, da UNIFAL, destacou a importância das visitas técnicas e o aprendizado com o ecossistema americano de inovação: “Tivemos acesso a práticas consolidadas em Propriedade Intelectual e modelos de cooperação universidade-empresa. Isso fortalece as ações da nossa Agência de Inovação e Empreendedorismo.”

Pedro Marques, do SENAI/SC, ressaltou o papel estratégico da Missão na adaptação de boas práticas ao contexto da indústria brasileira. “Identificamos modelos eficazes de Transferência de Tecnologia e governança de PI que poderão ser aplicados aos Projetos Mobilizadores do SENAI. A troca entre os participantes também foi extremamente rica e fortalecedora.”

Pedro destacou, ainda, o papel do FORTEC na curadoria das agendas, na articulação do grupo e na criação de um ambiente propício à troca de experiência entre os participantes. Os aprendizados práticos foram divididos em três frentes por Marques: Gestão de Propriedade Intelectual, Modelos de Cooperação Universidade-Empresa e a Internacionalização de Centros de Inovação.

Desdobramentos institucionais e próximos passos

Entre os avanços mais relevantes da Missão está a aproximação do FORTEC com a ATTP (Alliance of Technology Transfer Professionals), entidade que concede credenciamento internacional a profissionais da área. “Essa aproximação é estratégica para o Brasil, pois permitirá que nossos profissionais tenham reconhecimento global”, afirma Torkomian.

O sucesso da Missão também abriu caminho para novas iniciativas. Segundo a presidente, o FORTEC já estuda a viabilização de outras Missões Internacionais. “A experiência foi tão positiva que certamente servirá de modelo para futuras ações. Com planejamento mais amplo, poderemos ampliar o impacto e o alcance dessas iniciativas.”

Desdobramentos estratégicos e novos horizontes

Além dos aprendizados técnicos e das conexões institucionais estabelecidas, a Missão produziu impactos concretos na projeção do FORTEC no cenário internacional. Segundo uma das coordenadoras da iniciativa, “o fato de termos sido o maior grupo estrangeiro presente ao evento produziu um impacto altamente positivo não só junto aos organizadores, mas também aos demais participantes estrangeiros, pois demonstrou a vitalidade do ecossistema brasileiro de inovação”.

Outro destaque apontado pelos organizadores foi o valor da aprendizagem proporcionada a cada participante, tanto em nível individual quanto coletivo. “Conhecer outras experiências, principalmente em instituições mais avançadas na área de atuação dos NIT, enriquece a bagagem de conhecimento tão necessária para aperfeiçoar a atuação profissional”, concluiu Ritter.

Reflexão e futuro da inovação no Brasil

Apesar dos desafios enfrentados — como a alta do dólar e o curto tempo de organização — a Missão se mostrou uma iniciativa acertada. Para Torkomian, é preciso valorizar o que já se faz no Brasil e, ao mesmo tempo, aprimorar a forma como se comunicam esses resultados. “Temos que trabalhar por políticas de Estado que deem continuidade às ações e fortaleçam a cultura da inovação. E tudo começa com a base: a educação”, conclui.

A primeira Missão Internacional do FORTEC reforça não apenas o compromisso da entidade com a capacitação de seus membros, mas também a importância da articulação internacional como vetor de fortalecimento dos NIT e de todo o ecossistema nacional de inovação.

Divulgada Portaria SETEC/MCTI Nº 9.060 sobre Pesquisa FORTEC de Inovação e FORMICT

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A partir da Portaria PORTARIA SETEC/MCTI Nº 9.060, do dia 28 de março de 2025, prorroga-se excepcionalmente, no exercício de 2025, a apresentação do Formulário Eletrônico sobre a Política de Propriedade Intelectual das Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICT) do Brasil – FORMICT, referente ao ano-base 2024, de 31 de março para 31 de agosto de 2025. A prorrogação foi estabelecida tendo em vista a integração do Formulário por meio do qual as Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação – ICT prestam, ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI, as informações anuais relativas à política de propriedade intelectual da ICT e demais informações pertinentes à propriedade intelectual (FORMICT), com a Pesquisa FORTEC de Inovação.

Para mais informações e acesso a Portaria completa, acesse: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-setec/mcti-n-9.060-de-28-de-marco-de-2025-620757363

Representantes do FORTEC são premiadas durante Encontro AUTM 2025, na Missão Internacional do FORTEC

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Ana Torkomian, presidente do FORTEC, Shirley Coutinho e Elizabeth Ritter, ambas Conselheiras da Associação, foram premiadas individualmente pela AUTM por suas participações no Comitê Estratégico Internacional. Este Comitê tem trabalhado abrindo espaço e consolidando a atuação global da AUTM e este prêmio foi um reconhecimento por todo o trabalho desenvolvido por este grupo, com representantes de várias partes do mundo.

Todas as três foram representantes do Brasil e do FORTEC neste Comitê, que recebeu a premiação durante o Encontro Anual AUTM 2025.

Parabéns, meninas. O FORTEC muito bem representado pelo mundo!

AUSPIN completa 20 anos e reúne especialistas para discutir o futuro dos NIT, com a presença do FORTEC

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A Agência de Inovação da USP (AUSPIN) comemorou hoje seus 20 anos de atuação. Durante o evento, Ana Torkomian, representou o FORTEC no painel “O futuro dos Núcleos de Inovação Tecnológica no Brasil”, que também contou com a participação de Juliana Crepalde, vice-presidente do FORTEC, representando a UFMG, Renato Lopes, da INOVA Unicamp, Luiz Catalani, da AUSPIN, e moderação de Emanuel Carrilho, da AUSPIN.

O FORTEC parabeniza a AUSPIN pelo trabalho desempenhado ao longo desses 20 anos. Parabéns!

Ana Torkomian, presidente do FORTEC, fala sobre o desafio de levar o conhecimento da Universidade para o mercado, em entrevista para a Pesquisa FAPESP

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O desafio de levar o conhecimento da universidade para o mercado

Busca ativa de empresas e estratégias de marketing ajudam a fomentar parcerias

Sarah Schmidt, da Revista Pesquisa FAPESP

Mayara Ferrão

Mesmo após 20 anos da aprovação da Lei de Inovação, criada para aproximar as instituições de ciência e tecnologia do setor produtivo, transferir conhecimento para o mercado ainda é um desafio no Brasil. Em 2023, apenas 23,8% de 130 Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT), que representavam 146 instituições científicas do país, conseguiram firmar novos contratos de licenciamento. Os NIT são escritórios encarregados de promover a proteção de invenções criadas no ambiente acadêmico e licenciá-las para exploração econômica.

Os dados são de uma pesquisa do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec), lançada em novembro, e evidenciam uma dificuldade persistente em transformar a propriedade intelectual oriunda de instituições de ciência e tecnologia em produtos ou negócios concretos no país. A oitava edição do relatório afirma que tal resultado pode estar relacionado a questões como “infraestrutura insuficiente, falta de profissionais especializados em negociação e transferência de tecnologia, além de dificuldades na criação de parcerias estratégicas com o setor privado”. Foi registrada ainda uma queda significativa nas receitas geradas por licenciamentos ativos, de R$ 48 milhões em 2021 para R$ 32 milhões em 2023 – a pesquisa anterior, no entanto, coletou dados de 186 instituições.

É certo que os núcleos promoveram a proteção da propriedade intelectual de inovações de suas instituições. De 3.086 comunicados de invenção feitos por pesquisadores a esses núcleos em 2023, 85,1% deles se transformaram em depósitos de pedidos de patentes, registros de softwares, cultivares, entre outros.

Para a engenheira de produção Ana Torkomian, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), vice-presidente do Fortec e coordenadora da pesquisa, quanto menor o grau de maturidade do NIT, mais ele concentra seus esforços na proteção da propriedade intelectual. Ela lembra que, antes da Lei de Inovação, não havia uma cultura de proteção das invenções na academia, e coube aos NIT desenvolvê-la.

“Quando a gente compara os núcleos com licenciamentos vigentes em 2023 e os sem licenciamentos, vê que o primeiro grupo tem uma média de idade maior, de 16,7 anos, diante do segundo, com 12 anos. A tendência é que, nos mais maduros, o foco passe a ser a transferência”, observa Torkomian. Os núcleos com contratos com empresas tinham, em média, três vezes mais colaboradores em tempo integral (15,6 diante de 5,7) e mais que o dobro de invenções protegidas ainda ativas. “Se quisermos NIT mais robustos, é preciso tempo de aprendizado e capacitação da equipe, além de pesquisas que gerem um portfólio de propriedade intelectual atraente”, complementa.

Conforme esses núcleos se estruturam, há ações que podem ajudar a promover a transferência de conhecimento para o mercado, como mapear e contatar empresas potencialmente interessadas nas tecnologias ou em competências de pesquisa para desenvolvimentos conjuntos. Foi o que concluiu uma pesquisa qualitativa que visitou e entrevistou gestores de NIT das regiões Sul e Sudeste do país para entender quais táticas eles adotavam a fim de oferecer suas tecnologias. O estudo foi conduzido por um grupo de pesquisadoras da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e publicado em fevereiro de 2024 na revista científica Innovation & Management Review.

“Ter um portfólio de tecnologias disponível em um site é apenas uma das ferramentas. É preciso também prospectar e se aproximar de empresas que podem se interessar por determinada invenção ou competência de pesquisa, ter um bom plano de marketing e ouvir as demandas do mercado”, avalia a farmacêutica Karin Goebel, primeira autora do artigo.

As reflexões foram colhidas entre 2019 e 2021 para a tese de doutorado de Goebel, recém-defendida em 2024 na Fiocruz-Paraná, onde ela trabalha como analista de gestão da inovação. Os dados apontaram que o desempenho das instituições de pesquisa com estratégias ativas para licenciar tecnologias foi melhor do que o das que não adotavam essas práticas, em termos de número de contratos e faturamento. No grupo mais bem-sucedido estavam as universidades de São Paulo (USP), as estaduais de Campinas (Unicamp) e Paulista (Unesp) e a Federal de Minas Gerais (UFMG). Já as instituições com esquemas menos vigorosos foram as universidades Federal do Paraná (UFPR), Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e a Fiocruz

Mayara Ferrão

Entre as principais estratégias relatadas estão a abordagem de potenciais parceiros por e-mail e por telefone; a participação de representantes das instituições em eventos para fazer contatos; o levantamento de cenários e tendências sobre lançamentos de produtos; planos de comunicação e marketing para divulgar as invenções e competências de pesquisa; e a criação de plataformas de conexão entre universidades e empresas.

Entre as táticas adotadas pela USP está a busca por acordos colaborativos, em que empresas codesenvolvem tecnologias com a universidade e têm preferência no licenciamento com exclusividade para explorar as inovações. “Esses acordos permitem a transferência de tecnologia de forma direta e asseguram o acesso ao mercado em menos tempo”, explica a agente de inovação Flávia Oliveira do Prado Vicentin, da Agência USP de Inovação, que coordena as estratégias da transferência de tecnologia para os campi de Ribeirão Preto e de Bauru, no interior paulista.

Ela cita como um dos destaques desse modelo um produto farmacêutico à base de canabidiol, desenvolvido em parceria entre a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e a farmacêutica Prati-Donaduzzi. O produto chegou às farmácias do país em maio de 2020 e pode ser comprado por meio de prescrição médica para tratamentos como epilepsia e distúrbios psiquiátricos.

Na UFMG, uma das estratégias é ver a patente como uma porta de entrada para apresentar a expertise dos pesquisadores ao mercado. “Oferecemos a tecnologia à empresa e, mesmo que ela não se interesse por aquela invenção, aproveitamos o contato para detectar as demandas da companhia”, conta o engenheiro de produção Frank Gomes, coordenador do setor de gestão de alianças estratégicas da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), núcleo de inovação da universidade mineira. Quando a inovação é algo que pode ter interesse do público, a área de assessoria de imprensa da UFMG é acionada para tentar divulgá-la na mídia. Ele destaca o caso de um dispositivo de baixo custo para reduzir a carga de microrganismos no ar, como vírus, bactérias e fungos, que foi tema de uma reportagem do portal de notícias da Rede Globo, o G1. “Como estávamos na pandemia, em 2021, houve uma grande repercussão. Uma empresa viu a reportagem, nos procurou e a invenção foi licenciada”, conta Gomes.

A aproximação com empresas por meio de encontros e participação em feiras é uma das práticas da Unesp. A universidade também busca o desenvolvimento de projetos em conjunto com o setor produtivo e contratou um jornalista para realizar a divulgação do portfólio da universidade. “Essas ações facilitam o contato direto com potenciais parceiros e permitem o ajuste das tecnologias às necessidades do mercado”, diz o assessor da Agência Unesp de Inovação, Marcelo Ornaghi Orlandi.

A Agência de Inovação da Unicamp também investe na divulgação de suas invenções como uma de suas estratégias. Há uma integração entre a área de transferência de tecnologia e a de comunicação. “Realizamos o mapeamento contínuo de competências das nossas tecnologias e das habilidades de nossos pesquisadores, o que facilita o encontro entre a universidade e demandas específicas do mercado”, observa o diretor-executivo da Inova Unicamp, Renato Lopes. Entre outras ações, a agência criou eventos, competições e disciplinas de empreendedorismo dentro da grade acadêmica, incentivando os alunos e pesquisadores a criarem suas próprias empresas, uma outra maneira de escoar as tecnologias da instituição.

Ele destaca o caso da BF3 Medical, uma spin-off acadêmica, como são chamadas as empresas criadas a partir de uma propriedade intelectual desenvolvida na universidade. Fundada por três professores da Unicamp com base em suas pesquisas, a startup faz implantes de titânio para deformidades cranianas, customizados por meio de tomografia computadorizada e depois produzidos com impressora 3D, o que permite mais precisão em cirurgias. “Incentivar o empreendedorismo é importante, principalmente para tecnologias na fronteira do conhecimento, que são mais difíceis de licenciar porque apresentam um alto risco, requerem mais recursos e mais tempo de desenvolvimento”, observa Goebel.

O economista Marcelo Pinho, do Departamento de Engenharia de Produção da UFSCar, que não participou do estudo, observa que a proatividade dos NIT tem importância, mas a transferência de tecnologia é apenas um dos modos pelos quais as instituições de pesquisa podem se relacionar com o setor produtivo. Ele lembra que o Marco Legal da Inovação, de 2016, revisou a Lei de Inovação e o escopo de atuação dos NIT, incluindo entre suas competências “promover e acompanhar o relacionamento da ICT [instituição de ciência e tecnologia] com empresas”. Pinho também destaca que a inovação, que em outros países é desenvolvida com mais frequência pelo setor empresarial do que pelas universidades, não acontece de maneira linear e seus processos são mais complexos. “É preciso superar essa perspectiva predominantemente ofertista. Não dá para esperar que a inovação seja desenvolvida na universidade e depois apenas burilada e lapidada nas empresas. É preciso fortalecer parcerias e relacionamentos de longo prazo entre universidades e o mercado, em uma interação contínua”, propõe.

A reportagem acima foi publicada com o título “Transmissão do conhecimento” na edição impressa nº 346, de dezembro de 2024.

Artigo científico
GOEBEL, K. et al. Offering technologies for innovation: Strategies and challenges. Innovation & Management Review. v. 2, n. 1. p. 44-59. fev. 2024.

 

Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

FORTEC realiza, com o apoio da Anprotec, Missão Internacional para 50º AUTM Meeting em Washington

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O FORTEC – Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia, com a colaboração da Anprotec, anuncia sua 1ª Missão Internacional: Missão Washington para o Encontro Anual AUTM 2025 – Comemoração de 50 Anos e visitas técnicas, de 2 a 7 de março de 2025.

O FORTEC, referência nacional no uso estratégico da propriedade intelectual e na transferência de conhecimento e tecnologia gerados em universidades e centros de pesquisa públicos e privados, bem como na capacitação e articulação de gestores e técnicos ligados aos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), fomenta e colabora ativamente na conexão entre academia e mercado no Brasil. A execução da missão será realizada pela Anprotec, cuja atuação estratégica como principal articuladora de ambientes de inovação, tais como incubadoras, aceleradoras e parques tecnológicos, é reconhecida nacional e internacionalmente.

Essa colaboração reforça o compromisso das duas instituições em promover a internacionalização do ecossistema brasileiro de inovação e em proporcionar oportunidades para que seus associados e parceiros ampliem horizontes e conquistem espaço no cenário global.

A missão inclui duas etapas. Na primeira, os participantes terão acesso ao Encontro Anual AUTM 2025, que acontecerá de 2 a 5 de março. A AUTM, sigla para Association of University Technology Managers, é a principal organização global dedicada à transferência de conhecimento e tecnologia, conectando profissionais de universidades, institutos de pesquisa e empresas em torno de inovações transformadoras. O evento, que celebra seus 50 anos de história, reunirá especialistas de todo o mundo para discutir tendências, fechar parcerias e gerar negócios no campo da inovação tecnológica.

Na segunda etapa, o grupo explorará o ecossistema de inovação de Washington, Estados Unidos, terceiro colocado no ranking global de inovação, segundo o Global Innovation Index 2024. A programação prevê visitas técnicas à Embaixada do Brasil, agências governamentais e escritórios de transferência de tecnologia de universidades, com foco na identificação de parcerias estratégicas e troca de boas práticas.

Ao conectar ambientes de inovação brasileiros a ecossistemas globais de referência, o FORTEC e a Anprotec reafirmam seu papel como promotores do desenvolvimento tecnológico e socioeconômico. Essa iniciativa, realizada com o apoio do Sebrae e do Ministério das Relações Exteriores, consolida a importância da internacionalização como estratégia para ampliar o impacto dos ambientes de inovação no Brasil.

Prazo de inscrições: Prorrogadas até 14 de fevereiro de 2025, às 12h.
Inscreva-se preenchendo o formulário.

Para mais informações sobre a missão e como participar, acesse o regulamento da Missão aqui.

FORTEC realiza encontro com ATTP para discutir filiação junto a Instituição

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Durante a realização do Leadership Summit, foi realizada uma aproximação da Presidente eleita do FORTEC, Ana Torkomian, e das integrantes do Eixo Internacional da Associação, Elizabeth Ritter e Shirley Coutinho, com o presidente da ATTP (Alliance for Technology Transfer Professionals), Alwin Wong, com o objetivo de discutir o credenciamento do FORTEC como instituição afiliada à ATTP.

Nesta condição, uma vez cumpridos os requisitos, a Associação poderá pontuar suas atividades de capacitação, com vistas ao registro de profissionais de NITs brasileiros junto àquela instituição, o que significará o reconhecimento internacional da qualidade de nossos profissionais.